14 de junho de 2011

Arrependimentos

Essa era mais uma daquelas cenas ilustres. Uma senhora, que aparentava ter uns 60 anos, estava sentada com sua netinha em um banco da praça, enquanto um senhor, que aparentava ser uns três ou quatro anos mais velho que ela, caminhava tranquilamente perto do chafariz. A netinha, toda sapeca, pedira a vovó para deixá-la ir brincar no escorregador. A velhinha fez que sim com a cabeça, enquanto a criança já ia cantarolando para o parque. Ela estava tão contente que acabou trombando com alguém.

- Desculpe moço. – se desculpou timidamente.

O velho afagou sua cabecinha e disse:

- Está tudo bem. Onde você estava criança? Está perdida? – perguntara docemente o senhor.

A pequena negou com a cabeça.

- Não senhor. Eu estava com minha vovó e ela me deixou ir brincar no parquinho. – ela apontava com o dedo o lugar onde sua avó estava sentada.

Ele olhou o lugar indicado e não acreditara no que seus olhos viam. A menina correu para o parque, já o senhor estava indo na direção que a criança apontara.

A senhora, que estava lendo um livro, percebeu alguém se aproximando e levantou a cabeça para olhar.

Seus olhos se encontraram com os dele.

Eram aqueles mesmos olhos que ela se perdia quando tinha quinze anos. Aqueles olhos cor de chocolate que aconchegavam ela todas as vezes que estava triste.

Ele também a reconhecera. Passavam em sua mente todos os momentos em que viveram felizes na adolescência. O seu jeito nervoso, estressado e ao mesmo tempo tão doce que encantava e colocava medo em todos ao seu redor. As ameaças constantes que ela fazia, mas que ele sabia que era sua forma de demonstrar o amor. A forma em que ele a chamava de baixinha e ela distribuía tapas e socos em seu braço.
E os dois acabavam se divertindo com tudo isso...

-Max... – sua voz falhou. As lágrimas ameaçaram sair, mas ela as obrigou a voltarem.
Aquela voz estava mais madura, mas demonstrava uma dor escondida entre as palavras. Se não fosse por teimosia e orgulho, talvez os dois estivessem juntos e felizes. Se não fosse pela falta de palavras, talvez as dores não fossem tão fortes e não machucaria tanto. Talvez...

-Lia – sua voz trazia uma dor passada, uma saudade imensa e um sentimento que nunca morrera entre os dois.

O amor.

Ambos estavam arrependidos, mas era tarde demais. Não dava para mudar o passado.
Lia tinha se casado com um rapaz rico e teve uma filha. O rapaz logo morreu de câncer, então sua fortuna ficara para a filha e os netos.

Max namorou algumas meninas ainda, mas não chegara a se casar. Ele sabia que nenhuma delas era o amor da sua vida.

Aquele encontro era marcado por vários sentimentos. Mas apenas um prevalecia entre eles.

Max e Lia se abraçaram e ela começou a chorar.Será que o destino estava dando mais uma chance a eles? Mais uma chance de serem felizes?
Talvez.

Mas ambos tinham aprendido a lição.

“O tempo é o melhor remédio para os corações desiludidos, porém o pior obstáculo para os corações apaixonados.”

Não deixe que intrigas, rancores e amarguras estraguem um amor. O destino pode até te dar uma segunda chance, então, não a desperdice de novo.

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