20 de junho de 2011

Segui-la ou ignorá-la?

   Nos aproximamos dela. Diego freou o carro suavemente, fazendo o menor silêncio possível. Ela continuava caminhando, porém com um olhar mais alerta e levemente assustado. Seus passos se tornaram mais urgentes. Olhei para meu amigo e balançamos a cabeça. Chegou a hora de desmascarar nossa coleguinha.
  Abrimos as portas num rompante, fazendo com que Lara se assustasse e sua boca ficasse em formato de “O”. Saímos do carro e ficamos de frente com ela.
- Então você nos segue, não é mesmo? - perguntei com tom de deboche, apoiando meu cotovelo na porta do carro. Enquanto isso, Diego dava a volta para se posicionar ao meu lado e cruzar os braços.
  Ela continuou paralisada, mas logo recuperou sua postura de menina rebelde.
- Óbvio que não. Estou indo para minha casa e esse é o caminho que eu faço sempre. - ela deu enfase na última palavra. Seu olhar estava fixado em nós dois. Percebi que não desviaria o olhar, pois caso o fizesse, demonstrava que estaria mentindo.
  Diego sorriu e negou, fazendo um 'tsc tsc'.
- Você acha que engana quem? - falou ele, suavemente, com uma pontada de ironia.
  Ela girou os olhos.
- Não estou enganando ninguém, e caso quisesse, conseguiria. - Lara deu um sorriso angelical e continuou. -   Caso vocês falem para alguém, eu nego. É a minha palavra contra a de vocês. - seu olhar ia para Diego e para mim. - Eu alego que estava indo para casa quando, de repente, vocês me abordam aqui e me acusam de seguir vocês. Teoricamente, o carro do Diego estava atrás de mim, então se quisesse seguir alguém, eu teria que andar atrás, não na frente não é?
  Aquilo enfureceu Diego. Sua expressão ficou séria. Provavelmente, tinha perdido a paciência com aquela garota.
- Ah, e eu alego também... - continuou a diabinha. - que você, Felipe, é um tarado e que quer me agarrar, por isso que está atrás de mim. E para não causar desconfianças, anda com o Diego.
  Seu sorriso era vitorioso. Olhei para Diego. Ele a encarava como se quisesse... estrangulá-la.
- Melhor irmos embora. - sussurrei para ele.
  Lara continuava nos fitando, como se esperasse mais argumentos contra ela. Diego concordou e foi para a porta do carro.
  Eu a olhei, de cima para baixo, com uma feição de nojo.
- Você não vale nada. - afirmei, com a voz fria e seca. Entrei no carro e Diego deu a partida para irmos embora.
  Pelo retrovisor, tive a leve impressão de ver uma gota escorrendo em sua face. Ela é durona. Deve ter sido só impressão mesmo...

Nenhum comentário:

Postar um comentário